Paulo Roberto Gaefke
Acordei nesse dia de Dezembro com vontade
de comprar um presente para Jesus, afinal,
não existe maior amigo que o Mestre dos Mestres,
e no dia 25 o aniversário é Dele.
Saí cedo de casa e fui ao maior shopping-center da cidade.
Pensei primeiramente numa camisa branca,
mas quando vi que o branco mais branco da Terra
ainda era cinza perto da sua pureza,
fiquei com vergonha e desisti.
Em outra vitrine vi um sapato de couro, lindo e
caríssimo, mas quando lembrei dos seus pés
calçados pelas sandálias da missão cumprida, achei que não existiria na Terra algo tão confortável que
merecesse seus pés.
Uma caneta, foi isso que a próxima vitrine me
apresentou, uma linda caneta de marca famosa,
seria um lindo presente, mas lembrei-me que
Ele nunca escreveu nada. Tudo que Ele falou, mostrou na prática, servindo e amando sempre.
Lembrei-me, que um dia Ele falou que não tinha sequer
um travesseiro para recostar sua cabeça,
e pensei no melhor travesseiro de plumas
de uma loja especializada em sono,
era importado e muito confortável,
mas lembrei-me que os justos dormiam tranqüilos
e que Ele jamais usaria o travesseiro.
E, assim fui olhando as vitrines, abotoaduras de ouro,
malas de viagem, bebidas finas, comidas importadas,
tudo supérfluo, tudo matéria que o tempo iria corroer.
Confesso que sai um pouco chateado do Shopping,
afinal eu saíra para comprar um presente para
Você Jesus, e não havia achado nada!
Na porta do Shopping um menino muito miudinho
sorriu para mim, perguntou meu nome e eu o dele,
ele riu e me estendeu a mão.
Ele tiinha o rosto muito sujo, as mãos encardidas.
Perguntei pela sua mãe, ele deu de ombros,
sobre o pai, nem sabia onde estava...
perguntei se ele queria tomar um lanche,
ele sorriu um sim e pegou na minha mão.
Na porta do Shopping olhou para suas roupas
e olhou para mim, sabia que não estava
corretamente vestido. Peguei-o no meu colo,
era a senha para ser feliz.
Seus olhinhos miúdos percorriam aquelas luzes,
enfeites e pessoas bonitas como se fosse um
filme de Walt Disney...
Na lanchonete sentou na cadeirinha giratória e
sorriu como "reizinho", e entre uma montanha de
batatas fritas, ríamos felizes como dois velhos amigos.
Falamos sobre bolinha de gude, pipas e bola
de futebol, coisas importantes para o ser humano,
principalmente quando somos crianças.
Devoramos dois lanches, e quando perguntei
se ele queria um sorvete gigante
como sobremesa, seus olhos brilharam feito o sol.
Pedi um instante, fui até o caixa, e quando
voltei com os sorvetes na mão ele já não estava ali...
Por instantes pensei que ele tinha ido ao banheiro,
ou estaria olhando a lanchonete,
mas não estava ali mesmo.
Foi quando sobre a caixa de batatas vazias
vi um papelzinho, um bilhetinho escrito com
letra bem miúda que dizia assim:
"Obrigado pelo melhor presente de aniversário
que poderia me dar:
Fizeste feliz um dos pequeninos do mundo!"
Assinado, Jesus.
* * *
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